“O Universo tem apenas o tamanho de nossa percepção. Quando cultivamos nossa consciência, expandimos o Universo.”
A frase acima, lida de maneira descontextualizada, pode soar como misticismo raso. Entretanto, ela está presente no livro “O Ato Criativo: Uma Forma de Ser”, de Rick Rubin, que segue a reflexão com o seguinte fechamento: “Isso [a percepção] amplia o alcance tanto do material que está à nossa disposição para criarmos como da vida que temos para viver.”
Se você nunca ouviu falar de Rick Rubin, talvez se pergunte: “Ok, e daí? O que isso quer dizer e o que tem a ver comigo ou com escolas, gurus e a realidade?”
Deixe-me contar rapidamente sobre Rick Rubin. Em resumo, Rick Rubin é um executivo e produtor musical americano, eleito pela revista Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo. Rubin foi responsável pela produção de álbuns de artistas como Aerosmith, RedHot Chili Peppers, Shakira, Metallica, Linkin Park, Justin Timberlake, Jay Z, Adele, Kanye West, Lady Gaga, entre muitos outros.
Além de todas essas realizações, o que chama atenção é a maneira como Rick Rubin não separa, em sua reflexão, as dimensões do trabalho, da criatividade e do desenvolvimento pessoal. Ele entende que aprimorar ou aumentar a consciência sobre tudo o que nos cerca é um exercício que nos permite tornar-nos cada vez mais quem queremos ser, sem negar outras dimensões de nossas vidas.
Por que começar com essa discussão sobre aumento de percepção em um texto sobre educação e desenvolvimento pessoal e profissional?
Vamos começar respondendo essa questão falando sobre a visão contrária a lógica apresentada por Rick Rubin e que tem feito bastante barulho na internet.
Nos últimos anos, vimos a proliferação de gurus, pseudo-escolas de negócios e grandes empresários de palco e feed de Instagram. Uma verdadeira indústria de distribuição de “verdades” que passa dia e noite invadindo nossas telas. Essa visão rígida da vida, sobretudo do que significa a jornada profissional e dos objetivos relacionados à questão material, passou a ser vendida como caminho único para o sucesso.
Podemos sintetizar essas ideias em alguns pilares:
- 1. Uma visão sobre o retorno a uma suposta forma certa de ser, geralmente baseada em uma visão política autoritária, que transborda certezas;
- 2. O sacrifício de qualquer tipo de relação em prol do trabalho e da acumulação e;
- 3. A legitimação dessa visão por uma religiosidade parcial.
Esses apelos se multiplicam e fazem parecer que o ato de empreender e o sucesso do próprio empreendimento são apenas uma questão de “força de vontade” e de “atitude”. Mas será que esse discurso é realmente sobre você? Não seria essa uma forma estreita de refletir sobre a dimensão profissional da vida e dos objetivos pessoais a serem alcançados com o trabalho? Sobre quem exatamente essas teses de supostas escolas estão falando?
Deixo aqui uma reflexão sobre essas questões antes de prosseguirmos. Essa visão que entrelaça de maneira indissolúvel religião, política conservadora e negócios, gerando um ruído constante na internet, tem um fim último que passa muito longe dos seus objetivos e interesses como profissional e como pessoa.
Há um mecanismo claro por trás desses discursos: a criação de polêmicas que aparentam ser “verdades que ninguém quer dizer”. Essas “opiniões” geralmente reverberam na internet pelo absurdo de seu conteúdo. Esse é apenas um dos efeitos.
Mas voltando: O que isso diz sobre você, que busca se desenvolver como pessoa e como profissional? Muito pouca coisa ou nada.
O objetivo de todo esse barulho é:
- Viralizar essas opiniões na internet, inclusive por meio de pessoas que não concordam;
- Aumentar o número de pessoas que passam a conhecer essa visão e seus gurus e;
- Dentro desse número de pessoas que passam a ter contato, atingir o objetivo último: vender produtos para empresários e empresárias que se conectam com essa visão de mundo.
Em realidade, esse tipo de negócio tem mais de circo (com todo respeito aos artistas de circo) do que de escola, no sentido de que coloca no centro uma pessoa com aforismos ensaiados que, geralmente, se seguidos, restringem a consciência criativa a um único tipo de ser e de objetivo de vida. Conectar-se com essas formas autoritárias de ser é abrir a porta para frustrações e outros sentimentos que passam a minar suas possibilidades tanto de desenvolvimento e trabalho quanto da vida que você deseja viver.
Ok, qual seria o antídoto contra isso tudo?
O propósito de sua vida profissional e da própria questão material, monetária, por assim dizer, não necessariamente precisa ser alinhado com os desejos e as expectativas de se tornar um empresário – muito menos alguém que vende certezas.
Toda e qualquer organização precisa de massa crítica, de bons profissionais para levar adiante seus objetivos. Esse é o cerne de tudo: apesar das bravatas, nada funciona sem bons profissionais, sem pessoas que buscam se desenvolver e que investem tempo em educação. Essas pessoas são essenciais para o próprio desenvolvimento das organizações. A esta altura do desenvolvimento das forças produtivas, está bastante claro que o desenvolvimento intelectual atribui muito mais valor do que jornadas extenuantes de trabalho repetitivo.
Se voltarmos ao Rick Rubin do começo da nossa conversa, essa reflexão passa a fazer ainda mais sentido.
Entretanto, apesar de seus feitos e da possibilidade de tomá-lo como inspiração, é importante notar o que há, cientificamente falando, por trás desses pontos que Rubin chama atenção.
Do ponto de vista científico, um mecanismo que nos explica muito bem esses elementos de expansão de consciência é a Taxonomia de Bloom, que pode ser entendida a partir da complexidade cognitiva e do que podemos criar a partir dessas ações.
A Taxonomia de Bloom, desenvolvida pelo psicólogo educacional Benjamin Bloom, é uma ferramenta valiosa para categorizar objetivos educacionais e guiar o desenvolvimento pessoal e profissional. Ela se divide em três domínios principais: cognitivo, afetivo e psicomotor. O domínio cognitivo, que é o mais utilizado, inclui seis níveis hierárquicos de complexidade crescente: conhecimento, compreensão, aplicação, análise, síntese e avaliação. Cada nível representa uma etapa no processo de aprendizagem, desde a memorização de fatos básicos até a capacidade de julgar e criar novos conceitos.
Aplicada à educação e ao desenvolvimento profissional, a Taxonomia de Bloom auxilia na estruturação de conteúdos e na criação de objetivos de aprendizagem claros. Isso garante que o ensino vá além da simples memorização, promovendo uma compreensão profunda e habilidades de pensamento crítico. Profissionais podem usar essa taxonomia para mapear seu progresso, identificar áreas de melhoria e desenvolver competências que são essenciais para o sucesso em suas carreiras.
A Taxonomia de Bloom também destaca a importância da educação continuada ao proporcionar uma estrutura que incentiva o aprendizado ao longo da vida. À medida que os indivíduos avançam em suas carreiras, a aplicação contínua dos níveis da taxonomia – desde a aquisição de novos conhecimentos até a avaliação crítica e a síntese de informações – é crucial para a adaptação e o crescimento profissional.
A educação continuada permite que os profissionais se mantenham atualizados, aprimorem suas habilidades e se adaptem às mudanças constantes no mercado de trabalho, garantindo assim uma trajetória de desenvolvimento pessoal e profissional sustentada e relevante.
Nutrindo-se dessa concepção, você terá, sem dúvida, muito mais graus de liberdade para desenvolver novas habilidades, ampliar sua bagagem cultural e de reflexão crítica, que aprimoram suas competências criativas e de resolução de problemas. E terá muito mais autonomia para aceitar ou não ofertas e oportunidades de trabalho, inclusive para recusar trabalhar sob esses valores e visão de mundo estreitos.
Ok, mas com base em que estou sugerindo que tudo isso importa mais do que uma visão estreita?
Além dos argumentos já apresentados, vale a pena olhar para o que diz o próprio Banco Mundial em seu relatório “Future of Jobs Report”, de 2023. Além de chamar atenção para pontos em um nível macro – como as disputas geopolíticas globais e políticas domésticas e seus efeitos na geração de empregos – o relatório traz dois outros pilares importantes: novas tecnologias (como Inteligência Artificial, big data, cloud computing) como elemento de ruptura com o mercado existente até poucos anos atrás e as competências e habilidades mais importantes para que trabalhadores busquem aumentar sua percepção de valor pelo mercado.
Dentre as habilidades, as que apareceram com mais força nessa quarta edição da pesquisa foram: Pensamento Analítico, considerado uma habilidade essencial por mais empresas do que qualquer outra – representando quase 10% das habilidades relatadas pelas empresas; outras habilidades cognitivas, como Pensamento Criativo, também aparecem em destaque, além de habilidades como resiliência, flexibilidade e agilidade.
Basta verificar as 20 principais habilidades apresentadas pelas mais de 803 companhias ouvidas (que empregam mais de 11 milhões de pessoas em 27 indústrias em 45 economias distribuídas por todas as regiões do globo) para perceber a importância da Educação Continuada.
20 Principais Habilidades segundo o relatório Future of Jobs Report
# | Habilidade | Tipo |
1 | Pensamento analítico | Habilidades cognitivas |
2 | Pensamento criativo | Habilidades cognitivas |
3 | Resiliência, flexibilidade e agilidade | Autoeficácia |
4 | Motivação e autoconsciência | Autoeficácia |
5 | Curiosidade e aprendizagem ao longo da vida | Autoeficácia |
6 | Letramento tecnológico | Habilidades tecnológicas |
7 | Confiabilidade e atenção aos detalhes | Autoeficácia |
8 | Empatia e escuta ativa | Habilidades de engajamento |
9 | Liderança e influência social | Habilidades de engajamento |
10 | Controle de qualidade | Habilidades cognitivas |
11 | Pensamento sistêmico | Habilidades cognitivas |
12 | Gestão de talentos | Habilidades de gestão |
13 | Orientação ao serviço e atendimento ao cliente | Habilidades de engajamento |
14 | Gestão de recursos e operações | Habilidades de gestão |
15 | IA e big data | Habilidades tecnológicas |
16 | Leitura, escrita e matemática | Habilidades cognitivas |
17 | Design e experiência do usuário | Habilidades tecnológicas |
18 | Multilinguismo | Habilidades cognitivas |
19 | Ensino e mentoria | Habilidades de engajamento |
20 | Programação | Habilidades tecnológicas |
Das 20 maiores habilidades, 6 são habilidades cognitivas, 4 de autoeficácia e mais 4 habilidades de engajamento. Ou seja, 70% das principais habilidades são aquelas que necessitam necessariamente um exercício de “expansão de consciência” sobre a complexidade do mundo à nossa volta.
Isso pode até parecer uma contradição: as habilidades técnicas não importam? São menos valorizadas?
Sem dúvida alguma não são menos valorizadas. Mas a crescente complexidade da economia que vivemos e a disseminação de dados e informações fazem necessário que os profissionais saibam aprender. E “aprender a aprender” é, sem dúvidas, uma das habilidades mais importantes, senão a mais importante, sobretudo em um mundo em que a técnica é rapidamente superada por novas formas de se fazer algo.
Galícia Educação, Educação Continuada e Autonomia
Diante desse contexto extremamente desafiador, torna-se cada vez mais necessário contar com companhias sérias de Educação, que estão constantemente preocupadas em se antecipar a movimentos importantes no mundo do trabalho, de forma a oferecer apoio e constância de aprendizado para aqueles que buscam o desenvolvimento contínuo.
A tarefa não é simples, pois é bastante multifacetada. Foi dentro desse contexto complexo que a Galícia Educação foi fundada com a missão de disseminar a felicidade pela Educação. E não leia felicidade como algo prosaico, pois a felicidade está umbilicalmente ligada à autonomia de realizar. Assim como na Taxonomia de Bloom, cujo topo da pirâmide está a complexa habilidade de criar, a autonomia é um elemento crucial para que seja possível a construção de uma vida desejada.
É nesse contexto de busca pela autonomia que a Galícia Educação estrutura todas as suas Escolas e cursos de MBA e pós-graduação: pensando sempre em ser esse espaço de apoio aos mais diversos profissionais.
Refletindo sobre as possíveis demandas, estruturamos as escolas com o auxílio de grandes nomes, além de oferecermos diferentes possibilidades de integralização dos cursos, como é o caso dos MBAs na Escola de Gestão e da Escola de Coaching. Em ambas as Escolas, os cursos podem ser integralizados em 12 e 6 meses – com a exceção da formação em full coaching, que pode ser feita em 12 ou 24 meses.
Em todos os cursos, incluindo os da Escola de Direito, os estudantes têm sua jornada iniciada pelo onboarding, no qual contam com o auxílio dos coordenadores da Escola de Coaching para desenhar um “plano de voo” que torne a jornada no MBA ou Pós-graduação fluida. Durante sua jornada pelos módulos obrigatórios, os Encontros de Conteúdo – que acontecem mensalmente – servem de apoio para as trocas entre estudantes, profissionais da área e docentes, ou seja, um espaço de networking, troca de ideias e dúvidas.
Portanto, ao abraçar uma visão ampliada e integradora da educação e do desenvolvimento pessoal, como a proposta pela Galícia Educação, você está investindo em mais do que apenas conhecimento técnico. Está cultivando uma mentalidade que valoriza a autonomia, a criatividade e a capacidade de adaptação. Isso é essencial para navegar com sucesso pelas complexidades do mundo moderno. Com uma fundação sólida e uma abordagem contínua de aprendizado, você não só se torna um profissional mais seguro, mas também um indivíduo mais consciente e realizado, pronto para transformar desafios em oportunidades e construir a vida que realmente deseja viver.
Paulo Lira Head de Conteúdo Galícia Educação |