Honorários Advocatícios no Cumprimento de Sentença: Regras e Desafios

Artigo sobre Direito

Honorários Advocatícios em Cumprimento de Sentença: Aspectos Jurídicos e Práticos

Os honorários advocatícios representam uma parte fundamental na atuação jurídica, sendo a justa remuneração pelo trabalho dos advogados. No contexto do cumprimento de sentença, a questão dos honorários adquire relevância especial, pois envolve o pagamento de valores reconhecidos judicialmente e o direito do advogado à sua remuneração. Este artigo aborda as regras aplicáveis, os critérios para sua fixação e os desafios enfrentados na prática.

O conceito de honorários advocatícios

Os honorários advocatícios são a retribuição pelo trabalho do advogado na defesa dos interesses dos seus clientes. No Brasil, eles se dividem em três categorias:

Honorários contratuais

São os honorários fixados em contrato entre o advogado e o cliente, estabelecendo os valores e condições de pagamento pela prestação dos serviços jurídicos. Esse tipo de honorário é regulamentado pelo Código de Ética da OAB e pode ser livremente ajustado entre as partes, respeitados os princípios de razoabilidade e proporcionalidade.

Honorários sucumbenciais

Os honorários sucumbenciais são aqueles arbitrados pelo juiz ao final do processo, condenando a parte vencida a pagá-los à parte vencedora e ao seu respectivo advogado. O Código de Processo Civil estabelece que esses valores sejam devidos de maneira autônoma e devem ser pagos independentemente de outros valores que a parte vencedora venha a receber.

Honorários arbitrados judicialmente

Esses honorários são fixados pelo juiz quando não houver previsão contratual ou quando o advogado atuar em causa própria, sendo estabelecidos com base no trabalho desenvolvido e na complexidade da causa.

Honorários advocatícios no cumprimento de sentença

O cumprimento de sentença constitui uma fase processual em que se busca a efetivação da decisão judicial já proferida, garantindo que a parte vencedora receba o valor ou direito reconhecido anteriormente. Nesse contexto, surgem questões relevantes quanto à incidência e o pagamento dos honorários advocatícios.

A natureza autônoma dos honorários no cumprimento de sentença

Uma das principais discussões é se os honorários advocatícios podem ser descontados diretamente dos valores levantados no cumprimento de sentença. A jurisprudência tem adotado o entendimento de que os honorários são uma verba autônoma, de titularidade do advogado, e que possuem natureza alimentar, o que reforça o direito ao seu recebimento prioritário.

Critérios para a fixação dos honorários

A fixação dos honorários no cumprimento de sentença segue critérios estabelecidos pelo artigo 85 do Código de Processo Civil, considerando:

  • O grau de zelo do profissional;
  • O lugar da prestação do serviço;
  • A natureza e a importância da causa;
  • O trabalho realizado e o tempo exigido na sua execução.

Além disso, a lei permite que no cumprimento de sentença seja mantida ou redefinida a base de cálculo dos honorários, dependendo das circunstâncias do caso concreto.

A retenção de honorários no levantamento de valores

Uma das questões práticas enfrentadas pelos advogados é a possibilidade de reter seus honorários diretamente dos valores levantados no cumprimento de sentença. Essa questão é especialmente relevante quando há discussões entre advogado e cliente sobre a destinação dos valores recebidos.

Entendimento jurisprudencial

A jurisprudência tem consolidado o entendimento de que os honorários advocatícios pertencem ao advogado e, portanto, podem ser descontados diretamente dos valores disponibilizados no processo. Esse entendimento visa evitar que o advogado tenha dificuldades em receber sua remuneração após o levantamento dos valores pelo cliente.

Procedimentos práticos

Para garantir o direito ao recebimento dos honorários no cumprimento de sentença, o advogado deve:

  • Solicitar ao juiz o reconhecimento do direito ao desconto dos honorários diretamente no processo de levantamento de valores;
  • Comprovar a existência do contrato de honorários ou a decisão judicial que fixou os honorários sucumbenciais;
  • Requerer a expedição de alvará ou transferência direta para sua conta, conforme permitido pelas regras processuais e a jurisprudência vigente.

Os desafios enfrentados pelos advogados

Mesmo com a possibilidade de retenção dos honorários, algumas dificuldades podem surgir na prática jurídica. Dentre os desafios mais comuns estão:

Resistência de clientes

Em alguns casos, clientes podem resistir ao pagamento dos honorários, alegando desconhecimento do contrato firmado ou disputando os valores cobrados. Para evitar esse tipo de problema, é essencial que o contrato seja bem elaborado e que o advogado mantenha transparência sobre os honorários desde o início da relação profissional.

Interpretações divergentes nos tribunais

Ainda que a jurisprudência venha se consolidando no sentido favorável à retenção de honorários, há casos em que tribunais adotam posicionamentos distintos, especialmente quanto à possibilidade de antecipação do recebimento dos valores antes da conclusão do cumprimento de sentença.

Dificuldades procedimentais

Alguns tribunais possuem regras rígidas para o levantamento de valores, o que pode dificultar a retenção direta dos honorários. Nessas situações, é importante o advogado estar atento às regras específicas de cada tribunal e planejar sua estratégia processual com antecedência.

Conclusão

Os honorários advocatícios no cumprimento de sentença representam um tema de grande relevância para os profissionais da advocacia, tanto do ponto de vista jurídico quanto prático. A natureza autônoma dessa verba garante que o advogado tenha direito ao recebimento de sua remuneração de forma prioritária, mas há desafios que exigem atenção e estratégias adequadas. Diante disso, manter contratos bem elaborados, acompanhar a jurisprudência e adotar medidas preventivas no processo são fundamentais para garantir o pagamento justo e efetivo dos honorários advocatícios.

Insights e reflexões finais

  • A correta formalização dos honorários advocatícios em contratos escritos pode evitar litígios entre advogado e cliente;
  • A jurisprudência tem caminhado para permitir a retenção dos honorários diretamente dos valores levantados, mas ainda há desafios processuais que precisam ser superados;
  • O conhecimento sobre os procedimentos específicos de cada tribunal pode facilitar o levantamento de valores e evitar problemas burocráticos;
  • A atuação preventiva na fixação dos honorários e na tramitação do cumprimento de sentença pode garantir maior segurança e previsibilidade para o advogado.

Perguntas e respostas

1. O advogado pode descontar seus honorários diretamente no cumprimento de sentença?

Sim, desde que tenha contrato formalizado ou decisão judicial que reconheça o direito aos honorários, a jurisprudência tem admitido esse desconto.

2. Os honorários advocatícios podem ser questionados pelo cliente?

Sim, o cliente pode questionar os valores cobrados, mas caso haja um contrato válido e fundamentação para os honorários, o advogado tem o direito de receber a quantia ajustada.

3. Existe um percentual fixo para os honorários no cumprimento de sentença?

O percentual pode variar, conforme estipulado no contrato ou determinado pelo juiz com base nos critérios do Código de Processo Civil.

4. O que fazer se o tribunal não permitir a retenção dos honorários?

Nessa situação, o advogado pode buscar a recuperação dos honorários por meio de petição específica e, se necessário, ingressar com medida judicial adequada.

5. Como evitar problemas com o recebimento de honorários no cumprimento de sentença?

Uma boa prática é formalizar um contrato detalhado, informar o cliente desde o início sobre as condições de pagamento e, se necessário, recorrer ao judiciário para garantir seus direitos.

Aprofunde seu conhecimento sobre o assunto na Wikipedia.

Acesse a lei relacionada em https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13105.htm

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Este artigo teve a curadoria de Fábio Vieira Figueiredo. Advogado e executivo com 20 anos de experiência em Direito, Educação e Negócios. Mestre e Doutor em Direito pela PUC/SP, possui especializações em gestão de projetos, marketing, contratos e empreendedorismo. CEO da IURE DIGITAL, cofundador da Escola de Direito da Galícia Educação e ocupou cargos estratégicos como Presidente do Conselho de Administração da Galícia e Conselheiro na Legale Educacional S.A.. Atuou em grandes organizações como Damásio Educacional S.A., Saraiva, Rede Luiz Flávio Gomes, Cogna e Ânima Educação S.A., onde foi cofundador e CEO da EBRADI, Diretor Executivo da HSM University e Diretor de Crescimento das escolas digitais e pós-graduação. Professor universitário e autor de mais de 100 obras jurídicas, é referência em Direito, Gestão e Empreendedorismo, conectando expertise jurídica à visão estratégica para liderar negócios inovadores e sustentáveis.

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